quinta-feira, 17 de março de 2011

A instrutora da Fé, Qurratu´l-Ayn, Tahirih, a Pura

Um dos maravilhosos livros que a nossa dinâmica Editora Bahá'í está preparando para lançamento ainda em 2004 é um livro sobre a vida do Báb, de autoria do saudoso Mão da Causa de Deus, Sr. Hasan Balyuzi, intitulado ?O Báb ? o Arauto do Dia dos Dias.?


Em um de seus capítulos, o autor relata alguns fatos particularmente interessantes com relação à imortal Tahirih, ressaltando sua capacidade como instrutora da Fé e a força de sua personalidade, relatos (ocorridos em 1847) que emocionam a todos os que os lêem e que certamente serão motivos de maior ousadia de nossa parte e confiança na ajuda divina para, destemidamente, compartilharmos com outras pessoas as jóias de inestimável valor dos ensinamentos de nossa amada Fé. Como fez Tahirih! (Os textos a seguir constam da edição em inglês do livro ?The Báb ? The Herald of the Day of Days?, páginas 162-165)

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O Chamado para um Novo Dia


O Chamado do Báb foi uma convocação para o despertar, a afirmativa de que um Novo Dia havia alvorecido. Mas a magnitude desta afirmativa não era facilmente entendida; uma das primeiras pessoas a reconhecê-la foi Qurratu´l-´Ayn. Quando Mullá ´Alíy-i-Bastámí foi condenado e feito prisioneiro em Bagdá, ela encontrava-se ainda em Karbilá. Em razão das queixas dos sacerdotes xiitas, o governo enviou-a de volta a Bagdá, onde ficou hospedada na casa de Shaykh Muhammad Shibl, o pai de Áqá Muhammad Mustafáy-i-Baghdádí, até que o governo a enviasse para a casa do Muftí de Bagdá.* Tão corajosa e convincente era ela em seus pronunciamentos públicos que alguns de seus companheiros de Fé de Kázimayn ficavam alarmados e, de acordo com Áqá Muhammad-Mustafá, até tentavam refrear o ímpeto de suas palavras. Siyyid ´Alí Bishr, o mais culto deles, escreveu uma carta em nome do grupo ao Báb, que Nawrúz-´Alí, por algum tempo atendente de Siyyid Kázim, levou e entregou pessoalmente ao Báb em Mah-Kú, retornando com a resposta, uma Epístola na qual altamente elogiava a Qurratu´l-´Ayn. Isso levou Siyyid´Alí Bishr e seus companheiros de Kázimayn** a se retirarem da Fé que anteriormente haviam esposado com tanto entusiasmo. O Báb descreveu Qurratu´l-Ayn, naquela Epístola, como Tahirih, a Pura, e Siddíqih, a Verdadeira, e deixou aos Seus seguidores no Iraque a injunção clara de que deviam aceitar sem questionar tudo o que ela falasse, pois não se encontravam em condições de entendê-la devidamente e avaliar o seu verdadeiro grau. Por este tempo, um grande número de bábís haviam se reunido em Bagdá, e Qurratu´l-´Ayn estava constante e abertamente ensinando a Fé. Ela havia recebido uma cópia do Comentário ao Sura de Kawthar, que o Báb revelara para Vahíd, fazendo amplo uso de Seus Escritos e levando ao desespero a oposição dos sacerdotes. Quando ela os desafiou para um debate sobre o tema da Epístola, a única resposta que deram foi uma veemente denúncia contra ela.

Najíb Páshá estava ainda em seu posto de Válí de Bagdá, mas era então um homem combalido. Ainda mais, os oponentes de Qurratu´l-´Ayn eram sacerdotes xiitas e Najíb Páshá, sendo sunita, não tomaria ação alguma para agradá-los, porém reportou o caso à Porta Sublime dizendo que Qurratu´l-´Ayn os havia desafiado. As autoridades em Constantinopla não se sentiam inclinados em apoiar os xiitas tornando Qurratu´l-´Ayn mártir. Ao mesmo tempo, também não desejavam apoiar sua causa. Disseram a Najíb Páshá que, como Qurratu´l-´Ayn era cidadã persa, ela devia restringir seu desafio aos sacerdotes de seu país; e que ela podia ser enviada de volta à Pérsia. E assim Qurratu´l-´Ayn (ou Tahirih como iremos chamá-la doravante), acompanhada por um grupo de ardorosos e proeminentes bábís, deixou Bagdá e foi escoltada até a fronteira por Muhammad Áqá Yávar, um militar a serviço de Najíb Páshá, que foi atraído à Causa que ela advogava.

Várias paradas marcadas por incidentes importantes ocorreram em seu caminho através da Pérsia até Qazvín. Na pequena cidade de Kirand, sua eloqüência e clareza de expressão impressionaram de tal forma os chefes daquela área que ofereceram colocar mil e duzentos homens sob seu comando, para segui-la a qualquer lugar que fosse. A grande maioria (se não todos) os habitantes de Kirand e das áreas vizinhas eram ´Alíyu´lláhís. Tahirih abençoou-os todos, dizendo-lhes que voltassem aos seus lares e depois se dirigissem a Kirmánsháh. O desafio que ela fez a Áqá ´Abdu´lláh-i-Bihbihání, o sacerdote líder daquela cidade, deixou-o totalmente sem ação. Com a população clamando por uma resposta positiva, e o governador tratando Tahirih com o máximo respeito, o sacerdote assustado buscou libertar-se desse dilema escrevendo uma carta ao pai de Tahirih em Qazvín, pedindo que enviasse algum parente dela para levá-la de Kirmánsháh. Áqá Muhammad-Mustafá, ele próprio uma testemunha ocular, vividamente descreve como quatro homens vieram de Qazvín, reunindo forças a um militar aquartelado em Kírmansháh, invadiram a casa onde Tahirih e seus companheiros estavam hospedados, bateram neles e roubaram tudo o que possuíam. Quando o governador soube do ocorrido, ordenou a prisão dos culpados e conseguiu devolver aos bábís tudo o que lhes fora roubado. Logo foi descoberto que fora Áqa ´Adbu´lláh quem conspirara para criar toda essa situação.
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(*)- Em um livro que o Muftí, Mahmúd al-Álúsi, escreveu, ele fala de Qurratu´l-´Ayn com grande admiração.
(**) ? Nestes incluíam-se Siyyid Táhá e Siyyid Muhammad-Jáfar.


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De Kirmánsháh Tahirih e seus companheiros dirigiram-se a novas cenas de triunfo na pequena cidade de Sahnih, antes de chegarem a Hamadán. Aqui, seus irmãos foram ao seu encontro vindos de Qazvín para pedir a ela que retornasse com eles para sua cidade natal. Ela concordou com uma condição, a que pudesse ficar em Hamadán o tempo suficiente para tornar bem conhecida a Fé do Báb. (ficou em Hamadán por dois meses). Durante sua estada em Hamadán, fez um desafio a Ra´ísu´l-´Ulamá, o sacerdote líder da cidade, cuja resposta foi que o portador de sua mensagem, Mullá Ibráhím-i-Mahalláti, ele mesmo um clérigo de distinção, acabou sendo agredido e jogado para fora da casa. Mullá Ibráhím esteve entre a vida e a morte por alguns dias, e embora tivesse se recuperado da agressão sofrida, seu martírio não estava longe. Este contratempo foi recompensado pelo sucesso de Tahirih ao converter duas senhoras da família real à Causa do Báb, ambas casadas com descendentes da aristocracia de Hamadán, e mais significativamente foram suas palestras com dois dos mais eruditos rabinos judeus ,* os quais acabaram atraindo membros da Fé Judaica para o rebanho bábí. ** Hamadán, florescente na região da antiga Ecbatana, é a cidade onde estão situados os túmulos de Ester e Mordecai.

Como prometido, Tahirih partiu então para Qazvín em companhia de seus irmãos. Antes de partir pediu a vários dos babís árabes que estavam com ela, para voltarem ao Iraque. Somente alguns ficaram, para mais tarde reunir-se a ela em Qazvín, mas dentro de um mês pediu a todos os seus companheiros de fé, árabes e persas igualmente, que haviam viajado com ela, para deixarem sua cidade natal. Do grande grupo que viera do Iraque, para ajudá-la e apoiá-la, somente Mullá Ibráhím-i-Mahalláti e Shaykh Sálih-al-Karímí permaneceram com ela em Qazvín.

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(*) ? Mullá Ilyáhú e Mullá Lálizár.
(**) ? O primeiro judeu bahá'í foi Hakím Masíh, um médico (que mais tarde tornou-se médico de Muhammad Sháh) que se encontrou com Tahirih em Bagdá, ficando impressionado com sua eloqüência e majestosa exposição da Fé. Anos mais tarde, prestando atendimento médico ao filho de um bahá'í, conheceu Mullá Sádiq-i-Muqaddas, um sobrevivente do Forte Shaykh Tabarsí, a quem Bahá'u'lláh dera a designação de Ismu´lláhu´l-Asdaq (o Nome de Deus, o Mais Verdadeiro). Este encontro levou Hakím Masih a abraçar a Fé Bahá'í. Ele foi o avô do Dr. Lutfu´llah Hakím.


Nota:
O Dr. Hakím foi eleito para a primeira Casa Universal de Justiça, em 1963, e por razões de saúde pediu demissão em outubro de 1967, vindo a falecer em 10 de agosto de 1968.


Fonte : ABEN

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